A informação veiculada em quadros e gráficos estatísticos é imensa e multivariada. Geralmente, fazem-se análises particulares segundo o ângulo que ao observador interessa mais, que noutros momentos, pode ser muito diferente. Assim, creio que o disponibilizarem-se quadros e gráficos estatísticos aos estudiosos é muito importante e que, num blogue, permite que se faça debate das interpretações e análises que cada observador faz dos dados apresentados.

domingo, 25 de maio de 2008

Coisas menores, ou talvez não…

via cinco dias de Ana Matos Pires em 25/05/08

Estava a passar os olhos pela versão "nética" do DN e na rubrica "Os dias contados", do Alberto Gonçalves, esbarrei com a seguinte conclusão: "Não há nenhum motivo para tratar as mulheres ao volante como débeis mentais e cobri-las de medidas paternalistas e humilhantes. Essas ficam reservadas para as mulheres na política, as quais, conforme as quotas e o próprio BE justamente admitem, são uns casos perdidos de subalternização e incapacidade."

O assunto é menor, sem dúvida, mas se calhar aplica-se na perfeição o velho provérbio "grão a grão enche a galinha o papo" e dar importância às coisas mais pequenitas não exclui medidas simultâneas com as mais grandes - até ver ainda se consegue olhar para o lado e actuar em "multifunção", digo eu.

Não sou uma defensora convicta das quotas femininas na política, tenho sérias dúvidas da sua eficácia sobretudo porque me parece que esta medida pode acabar por mascarar as reais causas da referida desigualdade de géneros. Em todo o caso percebo os argumentos daqueles que a defendem como "medida paliativa intercalar" e, nesse sentido, não a considero uma prova de subalternização e incapacidade feminina, muito menos me parecendo que a sua defesa faz prova definitiva da menoridade do mulherio ou que é a assumpção de que as mulheres são um caso perdido, qual debilidade ligada ao cromossoma X.

Por outro lado, não deixa de ser curioso que o exemplo escolhido para fazer o paralelismo - a sinistralidade no feminino - acabe por, indirectamente, dar razão aos argumentos dos defensores das quotas, ora leiam:

"Por exemplo no ano de 2006 intervieram em acidentes de viação 13.617 condutores do sexo feminino contra 42.209 do sexo masculino.

Mas não se pense que tal facto é essencialmente devido ao número mais elevado de condutores do sexo masculino.

Na verdade, observando o seguinte quadro, verificamos que a percentagem mais elevada de condutores em Portugal situa-se entre os 25 e os 44 anos de idade sendo, curiosamente, neste período etário que a percentagem de homens e mulheres habilitadas a conduzir é muito próxima: os condutores do sexo masculino com uma percentagem de 55,9 % e do sexo feminino com 44,1 %.

Não obstante tal proximidade em termos percentuais, a verdade é que, em 2006, dos 57.433 condutores intervenientes em acidentes de viação apenas 13.617 foram do sexo feminino.".

Às vezes sai-nos o tiro pela culatra e, às tantas, aumentar o número é mesmo importante.

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