Estava a passar os olhos pela versão "nética" do DN e na rubrica "Os dias contados", do Alberto Gonçalves, esbarrei com a seguinte conclusão: "Não há nenhum motivo para tratar as mulheres ao volante como débeis mentais e cobri-las de medidas paternalistas e humilhantes. Essas ficam reservadas para as mulheres na política, as quais, conforme as quotas e o próprio BE justamente admitem, são uns casos perdidos de subalternização e incapacidade."
O assunto é menor, sem dúvida, mas se calhar aplica-se na perfeição o velho provérbio "grão a grão enche a galinha o papo" e dar importância às coisas mais pequenitas não exclui medidas simultâneas com as mais grandes - até ver ainda se consegue olhar para o lado e actuar em "multifunção", digo eu.
Não sou uma defensora convicta das quotas femininas na política, tenho sérias dúvidas da sua eficácia sobretudo porque me parece que esta medida pode acabar por mascarar as reais causas da referida desigualdade de géneros. Em todo o caso percebo os argumentos daqueles que a defendem como "medida paliativa intercalar" e, nesse sentido, não a considero uma prova de subalternização e incapacidade feminina, muito menos me parecendo que a sua defesa faz prova definitiva da menoridade do mulherio ou que é a assumpção de que as mulheres são um caso perdido, qual debilidade ligada ao cromossoma X.
Por outro lado, não deixa de ser curioso que o exemplo escolhido para fazer o paralelismo - a sinistralidade no feminino - acabe por, indirectamente, dar razão aos argumentos dos defensores das quotas, ora leiam:
Às vezes sai-nos o tiro pela culatra e, às tantas, aumentar o número é mesmo importante.
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