A informação veiculada em quadros e gráficos estatísticos é imensa e multivariada. Geralmente, fazem-se análises particulares segundo o ângulo que ao observador interessa mais, que noutros momentos, pode ser muito diferente. Assim, creio que o disponibilizarem-se quadros e gráficos estatísticos aos estudiosos é muito importante e que, num blogue, permite que se faça debate das interpretações e análises que cada observador faz dos dados apresentados.

sábado, 31 de outubro de 2009

“O cenário low cost no Brasil”

via LowCost Portugal de Sérgio Bastos em 30/10/09

Hoje inaugura-se o espaço opinião do LowCost Portugal. Uma área bloggers, profissionais, aficionados ou clientes do turismo "low cost" resumem num texto algumas ideias sobre o sector. Quer ser o próximo a participar? Entre em contacto.

O primeiro autor convidado é Junior do blogue Viajar é Preciso!, no qual já tive a oportunidade de escrever umas palavrinhas sobre o desenvolvimento das "low cost" no nosso país. O texto do Junior a mesma premissa: como evoluem estas companhias no Brasil e qual o seu futuro?

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A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), órgão do governo brasileiro que regulamenta o setor de aviação divulgou neste mês a participação de mercado de cada companhia aérea brasileira referente ao mês de Setembro de 2009. Segue a participação das empresas aéreas no mercado brasileiro com share maior do que 1%.

ANAMviajarepreciso

A Trip, nascida em 1998, é uma empresa com foco regional, sendo a maior empresa regional do Brasil. Em 2008, 20% de sua participação foi vendida para a SkyWest Inc, maior operadora de aviões regionais do mundo. Não nasceu com a visão low cost necessariamente, porém tem adotado esta postura, tanto que seu presidente foi o representante do Brasil no 6º World Low Cost Airlines Congress que ocorreu em Barcelona na Espanha em setembro deste ano.

A OceanAir nasceu em 1998 como uma empresa de taxi-aéreo. Só em 2002 recebeu autorização da ANAC para operar linhas em colaboração com a Rio Sul, do antigo grupo Varig. Em 2004 via grupo Sinergy adquiriu a empresa colombiana Aviança, a mais antiga companhia aérea das Américas e segunda mais antiga do mundo que recentemente anunciou a fusão com a TACA de El Salvador tornando-se a maior empresa de aviação da América Latina em rotas (100).

Apesar de na época existirem algumas pequenas companhias aéreas que trabalhavam com tarifas cerca de 70% do valor das tarifas das companhias tradicionais, em 2001 a Gol foi criada como a primeira companhia aérea verdadeiramente low cost, low fare do Brasil inspirada na americana Southwest Airlines ou pelo menos esta era a ideia porque hoje os preços não estão tão low cost nem low fare. Em 2007 a Gol comprou a parte saudável da Varig, isto é, "a nova Varig" de olho em sua forte presença no aeroporto de Congonhas em São Paulo considerado o aeroporto mais rentável do país, como também em seus direitos nas rotas internacionais. Com este movimento, a Gol deu um passo importante em seu crescimento contínuo. Como podemos ver através dos números divulgados pela ANAC, após 8 anos a Gol ocupa hoje o segundo lugar no mercado brasileiro, logo atrás da líder TAM que foi a única companhia aérea tradicional que conseguiu se firmar após a turbulência por que passou o mercado aéreo brasileiro ao longo dos anos onde as tradicionais Varig, TransBrasil e Vasp foram a falência.

Como podemos ver, diferentemente do que ocorreu na Europa e especialmente nos Estados Unidos, infelizmente o Brasil adotou o modelo low cost com certo atraso, mas como também podemos observar foi muito bem aceito pelos passageiros.

A Webjet nasceu só em 2005, enfrentou dificuldades em seu início em função da acirrada disputa entre TAM, Gol e Varig. Em 2007 foi adquirida pela holding CVC, maior agência de viagens do Brasil, uma vez que esta queria diminuir sua dependência da TAM, já que esta também tem uma agência de viagens sob o selo TAM Viagens. Adota o modelo low cost, low fare e hoje é a terceira em participação de mercado no Brasil bem atrás das líderes TAM e Gol e atualmente ameaçada pela Azul.

Ao analisar os números deste ano vemos que a empresa aérea que mais cresceu em participação de mercado foi a Azul que já está com 4,68% do share apesar de ter começado a operar somente no final de 2008, ou seja, um crescimento impressionante para uma empresa que ainda não tem um ano de operação. Esta já nasceu com uma visão low cost, low fare clara e promissora. Seu fundador e CEO, David Neeleman, é o dono da JetBlue a qual foi criada nos Estados Unidos em 1998 no modelo low cost, low fare e cresceu sem parar mesmo após a maior crise da história da aviação norte-americana.

Será que o modelo low cost assumirá a liderança nos próximos anos? Será que a Azul nos surpreenderá ao fazer frente ao modelo low cost, low fare que a Gol tem adotado nos últimos anos? Independente do que vai ocorrer, o modelo low cost já mostrou sua força no Brasil e com certeza todos nós passageiros sairemos ganhando com seu crescimento.

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