O gráfico aqui ao lado mostra a evolução da implantação das religiões (e das pessoas que não têm qualquer religião) na população dos Estados Unidos da América desde 1972 até 2006.
O que este gráfico demonstra é que mesmo num país em que é particularmente feroz a influência dos lobbies religiosos tanto nos assuntos de Estado como na vida quotidiana de toda a gente, é perfeitamente notório o crescente número de americanos que se afirmam ateus ou agnósticos, como é inegável a progressiva diminuição do número de pessoas que preferem refugiar-se no sossegado conforto da irracionalidade da fé a queimar os seus neurónios a pensar racionalmente.
Ao falar nisto era obviamente inevitável não deixar aqui o célebre lugar-comum: sim, «as sondagens valem o que valem!».
Mas «valendo o que valem» todas as sondagens, seria bom que as pessoas meditassem nalguns números.
É que nos países que temos por mais civilizacionalmente evoluídos e com um nível de vida sem qualquer possibilidade de comparação mesmo com os restantes países ocidentais, como sejam a Suécia, a Noruega ou a Dinamarca, a percentagem de pessoas que se afirmam ateias ascende a cerca de 80%.
Na Europa continental, não é decerto por acaso que os países com níveis de desenvolvimento normalmente mais baixos – Portugal e a Espanha – sejam precisamente aqueles com mais influência histórica da Igreja Católica.
Mesmo nos Estados Unidos da América, um fértil viveiro para fanáticos evangelistas, onde ainda perto de 80% das pessoas se afirmam teístas e onde metade destas acreditam piamente que Deus criou o mundo em 6 dias e para aí há coisa de 6 mil anos (e que pensam que os fósseis só existem porque Deus os espalhou pela Terra «para testar a nossa fé»), o que é facto é que a percentagem de ateus nos membros da Academia das Ciências Americana ascende a cerca de… 95%!
São boas as notícias que demonstram que, mesmo que ainda pouco a pouco, vamos no bom caminho.
E que provam claramente que neste mundo, onde as religiões são sempre sinónimo de ódio, de intolerância, de homofobia e de discriminação, é cada vez maior o número de pessoas que se libertam das grilhetas do primitivismo teológico que herdaram do nosso antepassado Neandertal.