A informação veiculada em quadros e gráficos estatísticos é imensa e multivariada. Geralmente, fazem-se análises particulares segundo o ângulo que ao observador interessa mais, que noutros momentos, pode ser muito diferente. Assim, creio que o disponibilizarem-se quadros e gráficos estatísticos aos estudiosos é muito importante e que, num blogue, permite que se faça debate das interpretações e análises que cada observador faz dos dados apresentados.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Os malandros dos Braganças....

via Centenário da República de noreply@blogger.com (Ricardo Gomes da Silva) em 16/01/09
Ainda a questão da Monarquia Vs [pseudo] Republica, que entretanto esmoreceu e eu entendo o porquê...primeiro debita-se a cartilha (3 ou 4 frases chave) e depois fingimo-nos mortos para fazer da ausência uma reflexão profunda do passo seguinte e principalmente, não deixar ninguém perceber que afinal...desconhecemos o assunto

Li por aqui ou noutro blogue a afirmação:
à data do fim da Monarquia, éramos um dos países com maiores taxas de analfabetismo da Europa - actualmente não -, éramos industrialmente atrasados e atente-se que foi no tempo da Dinastia Bragantina (1640-1910) que perdemos o combóio europeu, depois de termos sido uma super-potência mundial.


Eu cá ando à espera que o caro Tiago desencante as ditas estatisticas ou números para sustentar a afirmação...certamente já percebeu que não existem
Mas eu explico detalhadamente a aberração da afirmação...comecemos pelo "comboio", que como sabemos não foi inventado em 1640 mas teve um nascimento industrial nos primeiros 20 anos do sec XIX, portanto ai têm 2 gráficos que identificam a tendência (filtro Hodrick Prescott) do PIB per capita médio (dos paises do gráfico superior) em relação a Portugal:

Photobucket

a ideia é simples...quanto mais próximo do valor 1 ,mais próximo estamos do nível de vida médio dos paises considerados.É um gráfico que lida com uma realidade dinâmica que compara a evolução do PIB/capita português com o PIB /capita das economias mais dinâmicas.

houve três periodos de aproximação ao Nível das economias desenvolvidas entre 1860 e 1890 (30 anos,com uma taxa muito elevada de crescimento no principio da decada de 80 do sec XIX, ainda não repetida até hoje), 1925 e 1938 (13 anos do ínicio do Estado Novo)e novamente de 1950 até hoje,mas nenhuma dessas evoluções nos aproximou do nivel de 1820 e só em 1970 atingimos o nível de 1890

Se notarem estavamos mais próximos da riqueza dos paises desenvolvidos em 1820 do que actualmente....quase 200 anos !!!!!!!!!!, e não arrisco muito com uma extrapoloação de mais 1 anos porque entramos em recessão com uma 3º República mais gasta do que um pneu velho

estivemos entre 1820 e 1890 2 vezes a um nivél de quase paridade e apenas há meia duzia de anos é que voltamos a ter o mesmo nivél de vida (relativo) que havia no tempo de D. Maria II

Acho que nem vale a pena falar do contributo da 1º república porque acho que o gráfico evidência isso muito bem


Fonte: o gráfico foi retirado do livro "economia portuguesa" de João Cesar das Neves
mas há mais...ainda falta de 1820 para trás

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Dívida externa: Portugal à beira da falência!

via Um Jardim no Deserto em 13/01/09

Não, a culpa não é da crise: é mesmo do actual governo ps liderado pelo quase-engenheiro.

Para melhor visualizar o descalabro construíram-se alguns gráficos.

Dívida externa Portugal 2003-08

Dívida Externa Portuguesa
Como se sabe a Dívida Externa total é o somatório dos empréstimos contraídos no exterior pelo próprio Estado, por outras instituições públicas e privadas e pelos financiamentos do sector da banca.
No final do primeiro semestre de 2008 a dívida externa total portuguesa atingia o valor máximo de sempre, 344 mil milhões de euros (aproximadamente o dobro do PIB nacional), ou seja 200% do PIB*. Para mais facilmente se perceber este montante absurdo, basta pensar que, mantendo os mesmos níveis de produção, todos os portugueses teriam em teoria que trabalhar dois anos sem ganhar vencimento para poderem pagar a dívida externa do país. ...
(Algarve Reporter, E agora, Portugal?, Crónica do Serrone, 05/Janeiro/2009)

Dívida externa Portugal 2003-08

No gráfico em baixo faz-se uma simples projecção gráfica do aumento da dívida externa total, caso o ritmo de crescimento se mantivesse constante.

Dívida externa Portugal 2004-09

A dívida externa total de Portugal rondaria assim, em 2009, os 400000 milhões de euros num cenário de contenção(?) de despesas.

Mas, infelizmente, ela será muito maior, pois este governo de liderança pouco iluminada vai avançar pela via do furioso aumento do gasto público, com a construção da Rede de Alta Velocidade/TGV (custo estimado em 7500 milhões de euros) e do NAL-Novo aeroporto de Lisboa (custo estimado em 3300 milhões de euros).

Uma fuga para a frente em direcção ao abismo do sobre-endividamento, um verdadeiro suicídio económico que os portugueses pagarão muito caro e por muito tempo.

Com três (3) actos eleitorais à porta é claríssima a opção do primeiro-ministro: iniciar quanto antes a farta distribuição devida pelo favor político, precavendo o precalço eleitoral que cada vez parece mais certo em período de grave recessão económica.

É claro que ele tem a mentirosa desculpa preparada:

Sócrates já iniciou o discurso de desculpabilização do governo. Segundo ele, este estava a fazer um bom trabalho com resultados surpreendentes que se tinham já traduzido na recuperação da economia e no crescimento económico. Mas agora uma crise externa imprevisível, de que não tem culpa, veio estragar o bom trabalho que estava a fazer. É este o novo discurso de desculpabilização do governo, que interessa analisar e confrontar com dados mesmo do FMI, Eurostat e Banco de Portugal sobre a evolução do nosso País nos últimos anos. ... (O discurso da desculpabilização do governo, a cambalhota de Sócrates na AR e as consequências da ruinosa gestão capitalista, por Eugénio Rosa, na Resistir.info, em 12/Outubro/2008)

Uma das mensagens que Sócrates e todo o governo têm procurado fazer passar, é que o País estava a recuperar, mas que a crise financeira internacional, de que ele não tem culpa, veio estragar tudo. Isso não é verdade pois o agravamento da situação é também anterior à crise. No período de 2005-2008 com Sócrates, o crescimento económico em Portugal foi, em média, igual a menos de metade da média da União Europeia, pois em 4 anos Portugal cresceu apenas 4,8% enquanto a UE27 aumentou 9,8%. ... (Quatro anos de governo Sócrates - Agravamento da situação económica é anterior à crise internacional, por Eugénio Rosa, n' O Diário.info, em 29/11/08)